sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Pensamentos durante trajeto "Minas - São Paulo"

"A alergia branca da manhã - que o meio dia irá secar - cobre as curvas verdes do café, desenhadas pra se apreciar do alto de aviões comuns, por alguns olhos normais e por algumas naves espaciais." 

          Certa vez ouvi de uma senhora que depois que uma pessoa entra na idade dos “enta”, ou seja, após os quarenta, cinquenta anos e por aí vai, ela consegue perceber melhor as coisas simples da vida e os milagres diários, como por exemplo, o milagre de acordar e poder ouvir, ainda que de longe, o cantar de um pássaro, olhar a cor do céu, sentir no rosto a chuva cair e o vento soprando. E aquilo me chamou muito a atenção naquele momento. Quando vim de São Paulo pra Ribeirão Preto, já senti uma grande diferença, a ainda tinha dez anos, mas os sons da capital paulista me pareciam bem diferentes dos sons de Ribeirão. E agradeço por não ter precisado chegar aos “enta” para perceber isso.  Não deixei de ser engolido pelas máquinas, mas sou de certa forma grato por ter ainda jovem percebido as coisas simples e gratuitas que tanto causaram prazer a meus pais e avós em suas infâncias.

"A alergia branca dissolveu. Já são oito horas da manhã. Sobre as nuvens altas não se vê rios, morros, casas, nem cafezais."


          Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle, quando compuseram a canção "Capitão da Indústria", certamente estavam pensando no quanto nos esquecemos das coisas simples. Ouso pensar que até que já está na idade dos "enta" se esqueceu. É assim com voce?

Eu às vezes fico a pensar
Em outra vida ou lugar
Estou cansado demais
Eu não tenho tempo de ter
O tempo livre de ser
De nada ter que fazer
É quando eu me encontro perdido
Nas coisas que eu criei
E eu não sei
Eu não vejo além da fumaça
O amor e as coisas livres, coloridas
Nada poluídas
Ah, Eu acordo prá trabalhar
Eu durmo prá trabalhar
Eu corro prá trabalhar
Eu não tenho tempo de ter
O tempo livre de ser
De nada ter que fazer
Eu não vejo além da fumaça
Que passa e polui o lar
Eu nada sei
Eu nao vejo além disso tudo
O amor e as coisas livres, coloridas
Nada poluídas
Eu acordo prá trabalhar
Eu durmo prá trabalhar
Eu corro prá trabalhar



"Só há pessoas comuns com suas pressas habituais. Só há pessoas normais com seus objetos pessoais."

(baseado na canção "Minas-São Paulo", do Kid Abelha)

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