quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Lugarzinhos - Luis Fernando Veríssimo

Este texto é interessante, quem puder ler o livro "A mesa voadora", do Veríssimo, não vai se arrepender. Entre outros também, né? "O analista de Bajé" e "Contos brasileiros de verão" também, são ótimos... Enfim... Esse é um texto dele que fala daqueles lugarzinhos que poucas pessoas conhecem mas são tão charmosos que seria uma pena se deixassem de ser escondidinhos. Tipo, coisa pra gente pré selecionada, frequentar esses lugares. Mas dessa vez o outro sentido da palavra lugarzinho é tratado de forma tão interessante que vale a pena ler o trecho a seguir. São dois pontos de vista do mesmo lugarzinho, e isso realmente acontece, por isso achei que esse trecho em especial seria bom... enfim... lembrem das aventuras passadas de vocês!

Trecho de “Lugarzinho”, de Luís Fernando Veríssimo.



(...) E existe o fato inescapável de que o mesmo lugar pode ser, para alguns, um autentico lugarzinho, com todas as conotações de revelação e boas surpresas do termo, e para outros um lugarzinho no sentido de porcaria.

Uma versão: “Chegamos a esta cidadezinha maravilhosa que não está nem no mapa e em que nenhuma casa tinha menos de 400 anos e a Margarida perguntou para um amor de velhinho ‘dove é il vecê’, e ele não entedia, e chamou toda a família dele e ninguém entendia, depois juntou toda a cidade e ninguém entendia, até que veio o prefeito que sabia inglês, e a margarida perguntou ‘where is the vee cee?’ e o prefeito perguntou ‘What?’ e então a Margarida começou a fazer barulho de xixi, ‘ssshhh, ssshhh’ e o prefeito perguntou ‘What?’ de novo, só que baixinho, e aí nós caímos na risada, e a Margarida riu tanto que só continuou perguntando onde era o banheiro por farra, porque não precisava mais, foi tão simpático!”

Outra versão: “Chegamos a este lugar caindo aos pedaços, não sei por que eles gostam tanto de velharia, e imagina que ninguém sabia o que era WC, a Margarida apertada tendo que perguntar para um monte de ignorantes que não falavam língua nenhuma onde era, até que apareceu o manda-chuva, eles devem eleger o mais ignorante como prefeito, que só complicou mais as coisas e no fim não adiantava mais, coitada da Margarida. Mas o que se pode esperar de uma cidade que não está nem no mapa?”



(Página 141)


4 comentários:

  1. Veríssimo é o que há de melhor na Literatura Brasileira.

    ABs,
    seuanonimo.blogspot.com

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  2. Excelente dicas, meus caros!
    Já estava fazendo minha listinha de férias e inclui esses lá!
    Beijos!

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