Todo o universo, no oceano do ar, secreto vibra:
e ela resiste, no isolamento.
Seu cristal simples reprime a forma, no instante incerto:
pronto a cair, pronto a ficar - límpido e exato
E a folha é um pequeno deserto
para a imensidade do ato
Esse é o epigrama nº5, de Cecília Meireles. Gosto dele. Gosto do que a folha representa, e do que a gota representa. Hoje pela manhã ouvi um amigo falar sobre a força da água, e as vezes a gente só percebe os efeitos nos tsunamis da vida e nas enchentes e tal, e nem presta muita atenção no que ela faz na nossa própria pia se gotejar constantemente. Esse papo cabeça sobre a água me fez lembrar desse poema, que é chamado de epigrama por ser uma pequena composição em verso.
Gosto especialmente da expressão "resistir no isolamento". Quem nunca se sentiu sozinho na vida? E quantas vezes a gente não desistiu? Tudo vibrando ao redor, tudo se movendo de forma que parece que se move só pra nos sacudir, nos provocar, nos atrapalhar e nos ver cair. Ter a coragem de ficar sozinho num mundo onde seus valores pessoais não são prezados é algo admirável. Mais admirável ainda é buscar se encontrar nesse mundão. Certamente deve haver pessoas parecidas com você, ou que te respeitem como você é. Permanecer firme quando tudo conspira contra é um ato imenso.
Qual a folha que você se encontra? Em quantas folhas você costumar ir? Quais são elas? Faculdade? Escola? Trabalho? Você vai contra a corrente dessa roda viva até não poder resistir? Ora... Nascemos pra realizar atos imensos. Onde estamos, no fundo, nem é tão importante. Comece escolhendo as folhas certas.
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